Saiba Mais - O que é a Paralisia Cerebral?


Define-se Paralisia Cerebral como um conjunto amplo de situações clínicas diversas, caracterizada por uma perturbação permanente, mas não inalterável, do controlo do movimento e /ou postura e da função motora, devida a uma lesão ou anomalia não progressiva que afecta o cérebro em período de desenvolvimento.
Na medida em que se trata de uma perturbação que afecta o cérebro imaturo e em desenvolvimento, várias funções cerebrais podem ser afectadas mas, também face ao facto da plasticidade cerebral ser maior na criança existe algum potencial da habilitação, sendo sempre muito importante a detecção precoce. De salientar também a importância da intervenção precoce e continuada baseada nos princípios do respeito pelo ritmo do desenvolvimento da criança e de modo a facilitar-lhe todas as experiências de vida, com o envolvimento dos Pais e educadores em todo este processo. Nesta intervenção a família desempenha um papel activo fundamental, com orientação de uma equipa transdisciplinar constituída pelos técnicos envolvidos no processo de reabilitação da criança.
Não existe possibilidade de «cura» das lesões mas apenas apoio do desenvolvimento das capacidades emergentes da criança.
A criança com Paralisia Cerebral tem, como principal característica, uma perturbação motora que influencia o seu desempenho funcional, podendo, por isso, apresentar alterações que variam desde uma leve incoordenação de movimentos até à incapacidade para segurar um objecto, impossibilidade de andar, dificuldades em deglutir ou falar, sendo, totalmente dependente nas actividades da vida diária. Entre estes dois extremos existem os casos mais variados.
A deficiência motora é habitualmente a mais evidente, mas existem frequentemente outras deficiências e incapacidades associadas, nomeadamente: défice de visão ou audição, perturbações no desenvolvimento da linguagem e comunicação, problemas nutricionais, problemas perceptivos, dificuldades de aprendizagem, défice cognitivo e podendo também haver epilepsia.

1. Incidência da Paralisia Cerebral
Em cada 1000 nados vivos, em média 2 serão afectados por Paralisia Cerebral.

2. Classificação da PC
De acordo com a natureza da perturbação do movimento que predomina, a PC pode manifestar-se de diferentes formas:
Espástica – Caracterizada por um aumento do tónus muscular (hipertonia). As crianças com espasticidade parecem rígidas, têm algum movimento mas a sua variedade é limitada. Esta limitação impede a criança de participar em muitas actividades.
Atetósica /Distónica – Caracterizada pela presença de movimentos involuntários e variações na tonicidade dos músculos. A criança tem dificuldade em controlar os seus movimentos ou manter a sua postura.
Atáxica – Caracterizada por diminuição da tonicidade muscular e pela perturbação da coordenação e do equilíbrio.
De acordo com as partes do corpo envolvidas, a PC pode ser classificada:
Hemiparésia – quando há comprometimento da metade direita ou esquerda do corpo (o membro superior e o membro inferior do mesmo lado estão afectados).
Diplegia – quando os membros inferiores estão predominantemente envolvidos.
Tetraparésia – quando existe comprometimento dos quatro membros e do tronco.

3. Causas da PC
Pré-natais (a lesão cerebral ocorre antes do nascimento da criança):
Infecção contraída pela mãe durante a gravidez (rubéola, toxoplasmose, sarampo,..), intoxicações (produtos tóxicos ou medicamentos) doenças metabólicas, gravidez múltipla.
Peri-natais (a lesão cerebral pode instalar-se durante ou pouco tempo após o nascimento):
Parto prematuro, recém-nascidos de muito baixo peso, hemorragia cerebral, insuficiente oxigenação cerebral, asfixia grave ao nascer.
Pós-natais (a lesão cerebral ocorre após o nascimento):
Anóxia, sequelas de infecções SNC (meningites, encefalites, …), traumatismo craniano, problemas metabólicos, intoxicações, entre outros.